O hidrogênio verde tem ganhado destaque global como uma das principais soluções para a descarbonização de setores industriais e energéticos. Durante um painel realizado na Bahia, especialistas discutiram os avanços, desafios e oportunidades dessa tecnologia no Brasil, evidenciando seu potencial estratégico e os esforços para torná-lo competitivo no mercado internacional.Produzido a partir de fontes renováveis, como energia solar e eólica, o hidrogênio verde surge como alternativa ao hidrogênio cinza, amplamente utilizado na indústria, mas responsável por emissões significativas de carbono. Seu uso abrange desde a geração de energia limpa até aplicações em transporte, processos industriais e exportação para mercados exigentes, como o europeu e o norte-americano.No Brasil, a combinação de abundância de recursos naturais e localização geográfica privilegiada oferece uma oportunidade única para liderar a produção e exportação de hidrogênio verde. Estados como Ceará, Bahia e Pernambuco já estão desenvolvendo hubs específicos para essa tecnologia, conectando produção e logística para atender à crescente demanda global.No Ceará, um dos principais polos de desenvolvimento do hidrogênio verde, iniciativas pioneiras já estão em andamento. Entre elas, destaca-se o uso de geradores estacionários em projetos pilotos que viabilizaram eventos como a recepção do Energy Observer, um barco movido exclusivamente por energia renovável. Além disso, a região conta com infraestrutura estratégica, próxima ao Porto do Pecém, que facilita tanto a logística interna quanto a exportação.Projetos maiores, previstos para entrar em operação até o final da década, incluem eletrolisadores de grande escala e plantas destinadas à produção de derivados, como amônia verde, essencial para o mercado de fertilizantes e transporte marítimo. Esses projetos não apenas visam atender à demanda interna, mas também consolidar o Brasil como um fornecedor competitivo no cenário internacional.Apesar de seu potencial transformador, o hidrogênio verde enfrenta obstáculos significativos no Brasil. Um dos principais desafios está na ausência de um marco regulatório específico para o setor. A falta de clareza em questões como incentivos fiscais e políticas públicas torna o ambiente mais arriscado para investidores, dificultando o avanço de grandes projetos.Outro ponto crítico é a infraestrutura. A frase "não há transição energética sem transmissão" ilustra bem a situação. A expansão da produção de hidrogênio verde depende de redes elétricas robustas e de sistemas eficientes de transporte e armazenamento, que ainda precisam ser desenvolvidos no país.A escassez hídrica é outro fator relevante, especialmente em regiões como o Nordeste, onde muitos projetos estão sendo implantados. O processo de eletrólise, utilizado para produzir hidrogênio, demanda grandes volumes de água, exigindo soluções inovadoras para evitar impactos sobre os recursos hídricos locais.Apesar dos desafios, o hidrogênio verde apresenta oportunidades únicas para o Brasil. Além de contribuir para as metas globais de descarbonização, sua produção pode impulsionar o desenvolvimento econômico e social em regiões historicamente menos industrializadas. A construção e operação de plantas de hidrogênio verde geram empregos diretos e indiretos, além de exigir a qualificação de mão de obra local, promovendo um ciclo de desenvolvimento sustentável.A competitividade do hidrogênio verde no mercado global dependerá de uma combinação de esforços públicos e privados. A implementação de políticas que incentivem o setor, a atração de investimentos estrangeiros e o desenvolvimento de parcerias estratégicas com mercados consumidores são passos fundamentais para consolidar o Brasil como um protagonista no setor.A palestra completa pode ser acessada pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=pjQ4jzLRBtk.