Painel debateu papel do armazenamento de energia na transformação do setor solar e elétrico

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Tecnologia será peça-chave na transformação do setor elétrico, segundo especialistas e contribuirá tanto para aplicações residenciais como mobilidade elétrica

Durante o painel "Armazenamento de Energia: a revolução que vai transformar o mercado solar e o consumidor final", realizado durante o Fórum Regional de Geração Distribuída da Região Sul (Fórum GD sul) em março de 2025, especialistas debateram os avanços e desafios do armazenamento de energia, com foco em suas aplicações residenciais, no setor de mobilidade elétrica e no papel estratégico que pode desempenhar na transição energética.

O encontro destacou como essas soluções vêm ganhando espaço no Brasil e no mundo, e chamou atenção para a necessidade de mais investimento, capacitação e visão de longo prazo por parte de todos os agentes do setor. O encontro reuniu três especialistas com experiências complementares: Diana Sgarabotto, representante da Soprano; Odilon Francisco Pavón Duarte, diretor científico do Sindienergia-RS; e Maria de Fátima, pesquisadora na área de baterias do CPQD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações).

Armazenamento de energia residencial e independência energética

Sgarabotto apresentou uma visão prática sobre o uso de sistemas de armazenamento em residências. Segundo ela, a possibilidade de consumir a energia solar mesmo durante a noite, por meio do uso de baterias, representa um ganho significativo em autonomia energética e economia na conta de luz.

A especialista também destacou o papel ambiental da tecnologia, citando um estudo de caso onde um sistema residencial com bateria de 100 Ah evita a emissão de até 1,6 tonelada de CO2 por ano, o equivalente à atuação de aproximadamente 100 árvores.

“É uma contribuição direta à sustentabilidade e à redução da pegada de carbono no consumo doméstico de energia”, reforçou Diana.

Mobilidade elétrica e redes inteligentes

Já Duarte trouxe ao debate uma perspectiva mais ampla, conectando o armazenamento à mobilidade elétrica e à evolução das redes inteligentes.

Na ocasião, o especialista enfatizou que veículos elétricos podem atuar como baterias móveis, sendo carregados em momentos de baixa demanda e contribuindo com a rede em horários de pico — um modelo já adotado em algumas regiões da Califórnia, por exemplo.

Para Duarte, o armazenamento acaba essencial para garantir eficiência energética, reduzir a dependência de fontes fósseis e preparar o país para o futuro.

“A gente precisa evoluir. Não dá para continuar presos a um modelo centralizado, enquanto concessionárias internacionais já investem fortemente em soluções descentralizadas para seus próprios clientes”, afirmou. Ele também defendeu que o setor energético brasileiro avance na valorização dos serviços prestados pela energia elétrica, como luz e calor, e não apenas na venda do quilowatt-hora.

Pesquisa nacional e qualificação profissional

Maria de Fátima, do CPQD, por sua vez, complementou o debate trazendo a importância da pesquisa e desenvolvimento nacional no campo das baterias.

Embora sua apresentação não tenha sido o foco principal do painel, onde ela atuo como moderadora neste caso, Maria ressaltou que o Brasil já possui centros de excelência e projetos em andamento voltados ao desenvolvimento de baterias mais seguras, duráveis e acessíveis, incluindo tecnologias como baterias de fluxo e grafeno.

Juntos, os especialistas também apontaram a formação técnica como um dos principais gargalos para a adoção em larga escala das tecnologias de armazenamento.

“Faltam disciplinas específicas nas universidades, e precisamos preparar desde já os profissionais que irão lidar com essas soluções em um futuro próximo”, alertou Odilon.

O painel encerrou com a visão unânime de que o armazenamento de energia será peça-chave na transformação do setor elétrico. Integrado à geração solar e à mobilidade elétrica, o armazenamento oferece soluções para aumentar a confiabilidade da rede, reduzir impactos ambientais e estimular um novo modelo de consumo energético — mais descentralizado, inteligente e sustentável.

Apesar dos desafios regulatórios e do custo inicial das tecnologias, os debatedores defenderam que os benefícios sociais, ambientais e econômicos justificam o investimento. O painel também reforçou a importância de políticas públicas, incentivos e formação técnica para que o Brasil acompanhe a revolução energética que já está em curso em diversas partes do mundo.

O debate completo pode ser acessado pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=3y4nKyoVkGw.

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