Pesquisadores da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, publicaram um estudo com novos dados sobre captura direta de carbono (DAC, na sigla em inglês), apresentando materiais alternativos e mais acessíveis para remoção de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera. A pesquisa foi divulgada na última quinta-feira, 3 de abril, na revista Environmental Science & Technology.A proposta apresentada se baseia em uma técnica conhecida como moisture-swing, que utiliza a variação da umidade do ar para capturar e liberar posteriormente o CO2. Essa abordagem dispensa a necessidade de aquecimento do material absorvente, o que reduz o consumo energético em comparação com métodos tradicionais, segundo os especialistas.Materiais alternativosO estudo comparou diferentes materiais com potencial de aplicação nessa tecnologia, incluindo carbono ativado, grafite nanoestruturado, nanotubos de carbono e óxidos metálicos de ferro, alumínio e manganês. Os testes revelaram que o carbono ativado e o óxido de alumínio apresentaram respostas mais rápidas, enquanto o óxido de ferro e o grafite nanostruturado demonstraram maior capacidade de armazenamento de CO2.Segundo os autores, o tamanho dos poros dos materiais — pequenas cavidades onde o CO2 é retido — tem papel relevante na eficiência do processo. A pesquisa aponta que poros entre 50 e 150 Ångströms tendem a apresentar melhor desempenho, por exemplo.Aplicações e viabilidadeFalando em aplicações, a captura direta do ar é considerada uma alternativa interessante para compensar emissões de setores como aviação, agricultura e indústrias pesadas, em que a substituição por fontes renováveis ainda enfrenta barreiras técnicas e econômicas. No entanto, tecnologias de DAC tradicionais ainda enfrentam limitações relacionadas a custos e escalabilidade.Ao substituir resinas de troca iônica — materiais comumente usados, mas mais caros — por insumos abundantes e de menor custo, os pesquisadores visam tornar a tecnologia mais viável economicamente e com menor impacto ambiental.Benjamin Shindel, um dos autores, destaca que a técnica baseada na umidade pode operar em diferentes regiões geográficas e até se beneficiar de variações naturais, como o ciclo diário de umidade relativa do ar.PerspectivasPor fim, o estudo liderado pelo professor Vinayak P. Dravid, do Departamento de Engenharia de Materiais da Northwestern contou com apoio do Departamento de Energia dos EUA e da Fundação Nacional de Ciência (NSF). Os pesquisadores planejam agora aprofundar a análise dos ciclos de vida dos materiais testados, considerando custo total e uso de energia ao longo do tempo.Segundo os autores, a área de captura de carbono ainda está em desenvolvimento, e novas investigações podem contribuir para o avanço da eficiência e da acessibilidade da tecnologia.